El nacimiento del Grande Oriente Lusitano: Hipólito José da Costa

Este trabajo ofrecido fraternalmente por el Prof. Manuel Pinto dos Santos. Hipólito José da Costa. Uma Vida dedicada à Maçonaria, Grémio Lusitano, 2014, 68 p. quiere ser, además de portador del conocimiento contenido en éste, un reconocimiento al gran masón y amigo, el QH Luis Cardoso, gran investigador y de una generosidad infinita para con sus colegas y Hermanos de estudio masonológico que prematuramente pasó al Oriente eterno dejándonos en un estado de profunda consternación y duelo. Pero con el paso del tiempo, Luis permanece entre nosotros cada vez que nos adentramos en la historia de la francmasonería portuguesa donde él con su ejemplo ocupa un lugar de honor y privilegio. Gracias Q.·. H.·. Luis.

El Trabajo, tras mis diversas consultas al M.·. Il.·. H.·. Cardoso, Manuel Pinto dos Santos me lo hace llegar a través de él en un derroche también de fraterna colaboración académica. Y este es el trabajo que publico en su versión original y en la lengua en la que fue escrito. Una joya masonológica  para los amantes del estudio de la historia en nuestra Orden.

MQI Luis Cardoso

Envio-te o texto que escrevi sobre o Hipólito, na parte que diz respeito ao tratado, sem prejuízo de te enviar o exemplar prometido e que só está à venda no Museu Maçónico Português, no GOL.

Como podes ver, o documento original estava no processo nº 16809 de Joaquim José Vieira Couto, - que também tenho transcrito na sua íntegra, com notas e comentários - a fls. 27, mas que desapareceu do ANTTombo, Só resta a cópia notarial que transcrevo aqui e que se encontra a fls. 206. do processo 17981 do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa contra Hipólito José da Costa

Boa leitura, e se quiseres divulgar estás à vontade, desde que cites a origem: Manuel Pinto dos Santos. Hipólito José da Costa. Uma Vida dedicada à Maçonaria, Grémio Lusitano, 2014, 68 p.

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“Ligado à instituição maçónica portuguesa, o nome de Hipólito – que tinha o nome simbólico de Aristides - aparece no quadro do Capítulo dos Cavaleiros da Espada ou do Oriente de Lisboa1, fundado aparentemente em 1802, sendo seu secretário o próprio Hipólito. Todavia, ignora-se a que loja simbólica pertencia.

Terá sido nesta loja capitular que se engendraram os passos seguintes destinados à unificação das lojas maçónicas sob uma mesma

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1 A.H. de Oliveira Marques, História da Maçonaria em Portugal, volume I, Das Origens ao Triunfo, Editoria Presença, Lisboa, 1990, p. 166-67.


obediência, quer porque a Loja Cavaleiros da Espada2, denominada pela inquisição de Supremo Conselho, tinha passado uma procuração a favor de Hipólito3 quer porque Hipólito escreveu duas cartas datadas de 27.04.1802 e de 04.05.1802 para esta loja capitular4, antes de ser concretizado o tratado com a Grand Lodge of England.

Estrategicamente, uma aliança com a maçonaria de Inglaterra - velha aliada e protectora da Coroa portuguesa, além de ser um parceiro económico – parecia mais interessar aos maçons portugueses do que uma aliança com a maçonaria francesa, à qual se atribuía tendências revolucionárias, jacobinas, destruidoras da monarquia e do altar. O Duque de Sussex, enquanto irmão de George, regente desde 1810 e futuro rei George IV de Inglaterra a partir de 1820, protector da maçonaria da Grand Lodge of England desde 1791, surgia como uma excelente carta no jogo da regularização e do apoio dos maçons portugueses.

Consequentemente, o Duque de Sussex veio na realidade, a intermediar o contacto entre maçons portugueses e a Grand Lodge of England, no sentido de receberem representantes da maçonaria portuguesa.

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2Este Capítulo dos Cavaleiros do Oriente, também designado por Supremo Conselho dos Cavaleiros da Espada Lusitano, era constituído por membros detentores do 11º grau (Cavaleiro do Oriente) do rito adoniramita, proveniente de França. O rito francês ou moderno, tinha igualmente o grau 6º, ou 3ª ordem (Cavaleiro do Oriente) mas a documentação aponta para uma loja capitular composta por maçons do rito adoniramita, mais divulgado em Portugal na época do que o rito francês ou moderno.

3Processo da Inquisição de Hipólito José da Costa, a fls. 203vº-204. O original constava do mesmo processo a fls. 64.

4 Processo da Inquisição de Hipólito José da Costa, sessão de interrogatório de 12.09.1803, p. 186.


O facto de, em Abril de 1802, Hipólito ir desempenhar certas tarefas em Londres5, por incumbência do ministro Sousa Coutinho – aquisição de livros para a Real Biblioteca, bem como material e máquinas para a Imprensa Régia, aliado ao facto de Hipólito se encarregar nessa altura de contactos com a Grand Lodge of England, permitiu a Pina Manique que pudesse actuar não só contra Hipólito, mas principalmente contra Sousa Coutinho, a fim de o desacreditar como maçon junto da Coroa através da difusão do boato que o primeiro teria ido a Londres a mandado do Ministro, boato que desagradou a este.

Para a intendência da polícia, Sousa Coutinho já teria sido identificado como maçon de tendência jacobina, segundo a marquesa de Alorna6, o que era falso.

Em Londres, Hipólito além de frequentar lojas maçónicas durante a sua estadia – o que negou perante a Inquisição -, fomentou o estabelecimento de relações maçónicas com a Grand Lodge of England, procurando obter o reconhecimento das lojas portuguesas que viviam na clandestinidade junto desta.


5 No interrogatório da Inquisição prestado em 04.02.1803, Hipólito responde “que pelo tempo do entrudo, ou princípios da Quaresma do ano pretérito de1802 fiz uma viagem a Londres por interesses próprios, e daquela Corte passara à de Paris pelos Países Baixos Franceses e se recolheu pela Normandia a Londres e desta a Portugal, onde chegou no mês de Julho passado, puco mais ou menos”, fls. 147vº e 148. Não houve esclarecimentos sobre quais eram os “interesses próprios”.

6A Marquesa de Alorna, num rascunho de uma carta não datada que pretendia dirigir ao Príncipe Regente apontava que “os dois fogos em que V. A. R. se vê, entre França e Inglaterra, assaz lhe manifestam se ganhou mais em seguir a política frouxa desse triunvirato que envileceu e arruinou Portugal...”carta esta que foi apreendida pela polícia do Intendente Pina Manique. A Marquesa referia-se a D. Rodrigo de Sousa Coutinho, Luís Pinto de Sousa Coutinho e D. João Manuel de Melo e Castro, os quais identifica como “Franc-mações” da tendência jacobina francesa, que ela pretendia combater, mais propriamente na pessoa de Napoleão Bonaparte. In Marquesa de Alorna, Inéditos, Cartas e Outros Escritos, selecção, prefácio e notas do Prof. Hernâni Cidade, Livraria Sá da Costa, Editora, Lisboa, 1941, p. 179.


Efectivamente, na sua missão a Londres no primeiro semestre de 1802, Hipólito apresentou-se como o representante de quatro lojas em Portugal, em busca de uma carta patente inglesa para poder formar uma obediência em Portugal. Que lojas eram estas ? Em 1802 de acordo com os registos da Inquisição7 havia seis lojas em Lisboa: União8, Virtude9, Fortaleza10, Concórdia11, Amizade12 e Razão13. As lojas que pediram a adesão à Grande Loja de Inglaterra foram a União, a Concórdia, a Razão e a Virtude, constituídas aproximadamente entre 1798 e 1801, sendo certo que estas lojas que Hipólito representaria, integrariam o modelo britânico e jamais o jacobino ou afrancesado.

Cronologicamente, e segundo as conclusões do processo da inquisição, Hipólito terá chegado a Londres a 27.03.1802 e “logo nos dias


7 Processo da Inquisição de Hipólito José da Costa, sessão de interrogatório de 12.09.1803, fls. 189 e 204.

8 A loja União nº 1 de Lisboa, terá sido formada por volta de 1798, sendo conhecidos três membros.

9 Trata-se da Loja Virtude (II) em Lisboa presumivelmente fundada em 1798 e que suspendeu os trabalhos em 1808, retomando-os um ano depois. Do quadro desta loja foi admitida em 1814 a Condessa de Juromenha, amante do General Beresford, a primeira mulher a ser admitida na maçonaria portuguesa.

10 Presume-se que a data de fundação da loja Fortaleza foi cerca de 1800 e terá trabalhado até 1808. Ao quadro pertenceram o poeta Bocage, José Liberato Freire de Carvalho, com o nome simbólico de Spartacus, e José Fragoso Wanzeller que seria Grão-mestre do GOL em 1810, tendo ambos ajudado Hipólito na sua fuga da prisão. A proximidade destes poderá sugerir, como mera hipótese, que Hipólito terá ingressado nesta loja, quando regressou da América.

11 Fundada em 1801 a loja Concórdia trabalhou até 1808, retomando os trabalhos até 1817. Conhecem-se poucos membros.

12 Fundada presumivelmente em 1801, trabalhou até 1808, retomando por várias vezes os trabalhos até 1817, quando se extinguiu. Tinha várias dezenas de membros.

13 Presume-se a sua fundação em 1801, mas a loja Razão trabalhou até 1803.


30 e 31 do mesmo e dias 3, 5 e seg.tes de Abril começara... a tratar eficaz.te a Comissão em Maçónica em Inglez e Cifra14.

As negociações com a Grand Lodge of London terminariam em 18.05.1802, data em que foi firmado o acordo a seguir transcrito:

[1802 - Acordo entre a Grand Lodge of England (Moderns) e quatro lojas de Portugal] 15

A Todos e cada hum dos nossos Venerabilíssimos e amados I.·..


Nós Francisco Rawdon Hastings16, Conde de Moira, etc., etc. Lugar Tenente do G.·.=M.·.= debaixo da Autoridade de S.·.A.·.R.·., Jorge Príncipe de Gales, etc., etc., etc. = G.·.M.·. da muito Antiga e Honrada Sociedade dos Livres, e Aceitos M.·.= Saúde = Tendo-se Representado a Suprema G.·.= L.·. dos Livres e Aceitos M.·. de Inglaterra, pelo muito respeitável I.·. Hipólito José da Costa que quatro lojas regulares dos Livres e Aceitos M.·. em Portugal, a saber a L.·. da União.·., a L.·. da Concórdia, a L.·. da Razão e a L.·. da Virtude tinham eleito Representantes para estabelecer em Portugal uma G.·. L.·. Nacional e para abrir comunicação com as outras G.·. L.·., e que achando-se os ditos Representantes, que formão um Maçónico Governo Provisional em nome das ditas L.·., desejosos de comunicar as suas louváveis intenções à Suprema


14 Processo de Hipólito José da Costa, fl. 204vº.

15 Extraído do processo da Inquisição 16.809 contra José Joaquim Vieira Couto, fl.

27. Trata-se de uma cópia certificada por Manuel de Figueiredo Ribeiro Martins, Notário do Santo Oficio da Inquisição. Sobre as siglas no documento segue o seu esclarecimento: I.·.- Irmãos; G.·.M.·.- Grão-Mestre; S.·.A.·.R.·.- Sua Alteza Real; ;G.·. L.·.- Grande Loja; M.·.- Maçons; L.·. - Loja; G.·. - Grande; AL.·.- Anno Lucis [Ano da Luz] AD.·. Anno Domini [Ano do Senhor].

 

16 Francis Rawdon-Hastings, (1754 - 1826) 1º Marquês de Hastings, Conde de Moira, militar e político britânico, Governador-Geral da Índia (1813- 1823). Representou o Grão mestre da Grande Loja de Inglaterra (corrente dos “Modernos”) entre 1790 e 1812.



G.·. L.·. de Inglaterra, e de estabelecer uma amigável e Maçónica Comunicação com a sobredita G.·. L.·., para isso elegeram, e mandaram a Londres dpropósito, para este fim ao dito mui Respeitável I.·. como seu Plenipotenciário, o qual tendo comunicado os seus plenos Poderes aos Principais Oficiais da G.·. L.·.; e sendo estes Poderes fundados em boas e amplas formas, foi Reconhecido e Recebido como tal. E Sua Alteza Real, Jorge, Príncipe de Gales Venerabilíssimo G.·.M.·. e o muito honrado Francisco Conde de Moira; lugar Tenente do G.·. M.·. tendo aprovado a proposta do dito Governo Provisional dos M.·. Portugueses tendente a uma fraternal e Maçónica comunicação com a  G.·. L.·. e com o resto dos seus Grandes Oficiais, e Membros, sendo todos eles juntos em Sessão de G.·. L.·. aos doze de Maio corrente e tendo dado o seu inteiro consentimento à dita Proposta Fazem saber que a Suprema G.·. L.·. de Inglaterra, situada em Londres, influída por princípios puramente Maçónicos, e benéficos e desejosa de animar e de promover a disseminação da antiga Maçonaria, para beneficio e felicidade do Género humano, e querendo deferir à Súplica do Provisional Governo Maçónico das L de Portugal comunicada pelo dito seu Plenipotenciário em demonstração de especial favor, e de Fraternal Benevolência, se acordou em receber qualquer Respeitável e acreditado I.·., como Representante das L.·.  de Portugal na G.·.  L.·. de Inglaterra, e igualmente em declarar que qualquer I.·. das L.·. de Portugal tem direito de visitar as L.·. Inglesas, conforme as particulares Leis existentes em cada uma, e finalmente em conceder socorro pecuniário a qualquer I.·. de bons costumes, que se achar em aflição, e que pertencer a qualquer das L.·. Portuguesas, conforme as circunstâncias, e situação, e qualidade da pessoa. E a G.·. L.·. de Inglaterra convém do mesmo modo em dar o seu melhor Parecer ao Provisório Governo Maçónico das L.·. em Portugal para que estabeleçam uma G.·.L.·. Nacional sobre os verdadeiros princípios da antiga Maçonaria = Dada em Londres, debaixo do nosso G.·. Selo da Maçonaria a dezoito de Maio AL.·. 5803 AD.·. 1802 = Por Ordem do Grão-Mestre = Pedro Parker17 Deputado Grão Mestre = Testemunha Guilherme White = Grande Secretario.

17 Peter Parker era Almirante da Armada inglesa que tinha sido nomeado Deputado do


Não restam dúvidas que em 1802 foi estabelecido um acordo regular entre a incipiente obediência portuguesa e a poderosíssima Grand Lodge of England, e que este tratado constituiria o fundamento, as bases, da futura Grande Loja de Portugal.

Aliás, os testemunhos coetâneos apontam nesse sentido. William Preston18, foi contemporâneo dos acontecimentos e registou-os nas suas Illustrations of Masonry:


“Na Grande Loja de Maio seguinte [1802], outra aplicação foi feita, através do mesmo canal19, a partir de quatro lojas em Portugal, que tinham dado poderes ao Sr. Hipólito José da Costa para actuar como seu representante junto da Grande Loja de Inglaterra, e em seu nome solicitar a autoridade regular para praticar os ritos da Ordem sob a bandeira inglesa e sua protecção. Após ponderada deliberação, foi determinado que

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Grão Mestre (Deputy Grand Master) George, Príncipe de Gales em Novembro de 1786. Após a sua morte em 11.12.1811, foi nomeado para o cargo de Representante do Grão-mestre (Acting Grand Master), o irmão do príncipe de Gales, Augustus Frederick, Duque de Sussex, que seria eleito Grão-mestre quando o George se tornou Regente do reino.

18 William Preston (Edinburgh, 07.08.1742-Londres, 01.04.1818). Admitido na maçonaria por volta de 1763, no ano seguinte forma em 15.11.1764 Caledonian Lodge nº 325 sob a tendência dos “Modernos” da Grand Lodge of England, loja que influiu muito no aparecimento no primeiro Grand Chapter of Royal Arch [Grande Capítulo do Arco Real]. Investigador da história da maçonaria e das suas raízes junto da Grand Lodge of Scotland e da Ancient Grand Lodge, Preston compilou matérias sobre os três graus simbólicos. Devido a um desentendimento, foi expulso da Grand Lodge of England em 1779, formando a Grand Lodge of All England South of the River Trent, que funcionou até 1789, ano em que regressou à Grand Lodge of England. O seu legado encontra-se principalmente na sua obra Illustrations of Masonry um dos maiores e melhores repositórios da história da maçonaria.

19 A Grande Loja tinha reunido anteriormente em Fevereiro de 1802, na qual as lojas em Berlim, sob os auspícios do rei da Prússia, a fim de estabelecerem relações com a Grande Loja de Inglaterra, tinham pedido a influência do Duque de Sussex, [the lodges in Berlin... had solicited the influence of the Duke of Sussex to carry a friendly communication with the Grand Lodge of England] o qual tinha estado na Alemanha em Göttingen, a estudar desde 1786. Vd.William Preston (1742-1818), Illustrations of Masonry, 12º ed. on-line, London, p. 176.


todo o encorajamento devia ser dado aos irmãos em Portugal, e um tratado foi imediatamente estabelecido e assinado pelos irmãos Da Costa e Heseltine20, e depois pelo Grande Tesoureiro da Grande Loja, e aprovado pelo Grão-Mestre representado pelo Conde de Moira21; pelo qual ficou acordado que, desde que as lojas portuguesas se conformassem com as antigas constituições da Ordem, seriam concedidos todos os poderes para terem um representante na Grande Loja de Inglaterra, e que a Grande Loja de Inglaterra teria um representante na Grande Loja de Portugal, e que os irmãos pertencentes a cada Grande Loja seriam igualmente titulares nos privilégios da outra”22.

Trata-se de um depoimento importantíssimo porquanto é a prova cabal da presença de Hipólito junto da obediência inglesa e de que foi

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20 Pensávamos que se tratava de James Heseltine, Grande Secretário da Grand Lodge of England, mas dado que este morreu em 1793, deverá tratar-se de alguém com o mesmo nome, provavelmente o seu filho, James Altham Heseltine (1777-?). Provavelmente é um lapso ou confusão de memória, pois o Grande Secretário em 1801 era William White o qual não é mencionado por William Preston. Vd. William James Hughan, Memorials of the Masonic Union of A.D. 1813…; London, Chatto and Windus, Picadilly…, 1874, p. 10.

Não se conhece o tratado original que certamente foi enviado para ao Brasil, ao futuro rei D. João VI, de acordo com a deliberação da Mesa da Inquisição no processo de Hipólito (fl. 205), sendo enviados cerca de 130 fólios correspondentes a documentos confiscados a Hipólito quando foi detido.

Todavia, o documento do acordo elaborado a 18.05.1802, na sequência da reunião da Grande Loja em 12 desse mês, dá como signatário Peter Parker deputado do Grão- mestre e não o conde de Moira, sendo o acto testemunhado por William White, Grande Secretário, o que não permite concluir a existência de qualquer contradição, uma vez que se tratam de documentos diferentes.

21 Francis Edward Rawdon-Hastings, 1º Marquês de Hastings (1754 – 1826), conhecido como Conde de Moira entre 1793 e 1816. Actuava como Grão-Mestre, o qual era na realidade o Príncipe de Gales, o futuro rei George IV que governou de 1820 a 1830. Esta figura do Acting Grand Master não se pode confundir com o Deputy Grand Master (Grão-mestre Adjunto), pois o primeiro tem a ver mais com a pessoa, enquanto o segundo se relaciona com a função.

22 William Preston (1742-1818), Illustrations of Masonry, 12º ed. on-line, London, p. 177.


feito o reconhecimento da maçonaria portuguesa sob os auspícios da Grande Loja de Inglaterra em 1802. E foi ele o executor desse grande passo.

Seria de esperar que a maçonaria contactada fosse, de acordo com os padrões da sua admissão em Filadélfia, a tradicional e conservadora Grand Lodge of All England, da tendência dos “Antigos”. Mas tal não aconteceu. Hipólito contactou a Grand Lodge of England, dos “Modernos”, não havendo qualquer dúvida, na medida em que o Conde de Moira, e Heseltine pertenciam à maçonaria dos “Modernos”. Se bem que Hipólito fosse da maçonaria “Antiga” da Pensilvânia, a verdade é que o único “canal” de que os maçons portugueses se serviram para aceder à maçonaria inglesa, fosse ela a dos “Antigos” ou a dos “Modernos” foi, indubitavelmente, o Duque de Sussex, que se encontrava em Portugal desde 1801.

Será que a incumbência das quatro lojas tinha como missão específica o contacto com a corrente dos “Modernos” ? É desconhecido o tipo de lojas que eram, ignorando-se se tinham preferência pelas Constituições de Anderson, ou pelo Ahiman Rezon. No contexto político da época, no rescaldo da Guerra das Laranjas entre Portugal e a Espanha em Janeiro de 1801, que não passou de um episódio do jogo de influências e de poder entre a França e Inglaterra, surgia como mais conveniente e interessante aos maçons portugueses – pelo menos ao sector aparentemente maioritário da maçonaria activa - estarem aliados a uma obediência que tinha o príncipe de Gales, futuro rei, como Grão-Mestre do que se ligarem ao escocês John Murray, 4º Duque de Atholl, grão-mestre dos “Antigos” de 1791 a 1812, o qual não detinha peso político.


Aliás, em 1802 as relações entre as duas correntes estavam ao rubro, pois no ano anterior, em Novembro de 1801 tinha sido deliberada a exclusão das lojas dos “antigos” que permaneciam do seio da Grand Lodge of England, ou seja as que praticavam o rito de York. E em 09.02.1803 foi dada a machadada final, decidindo-se a expulsão dos maçons do rito antigo da Grand Lodge of England23.

O que se pode concluir é que o tratado então escrito e aprovado pelo Conde de Moira, em representação do Grão-mestre, pertencia à maçonaria “moderna”24, defensora das ideias liberais, de uma abertura da maçonaria a todos os que a ela quisessem aderir sem diferenciação de credo religioso ou político, em oposição do que defendiam os “Antigos”, defensores de um certo cristianismo, redutor da universalidade maçónica.

Apesar do esforço de Hipólito, na prática não foi o modelo maçónico inglês que vingou: em primeiro lugar, nos anos de 1802 e 1803 recrudesceu a perseguição aos maçons portugueses pela inquisição; depois não houve qualquer apoio da Grand Lodge of England no que

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23 Acta Latomorum, ou Chronologie de l´ Histoire de La Franco-Maçonerie française et étrangere, Tomo I, Paris, Imprimerie de Nouzou, 1815, de Claude-Antoine Thory, p. 206 e 213, respectivamente.

24 O mesmo é corroborado pelas Acta Latomorum, ou Chronologie de l´ Histoire de La Franco-Maçonerie française et étrangere, Tomo I, Paris, Imprimerie de Nouzou, 1815,

p. 211, de Claude-Antoine Thory, que contém a seguinte referência sobre a Grand Lodge of England dos “Modernos”: Maio 1802- “Quatro lojas de Portugal fazem um pedido semelhante [ao das lojas de Berlim] e solicitam à Grande Loja a autorização para professar os Ritos de Inglaterra sob a sua protecção. Os Irmãos acedem a este pedido e a concordata é resolvida imediatamente”.

Seguindo Oliveira Marques, defende o contrário João José Alves Dias em “Hipólito e o seu Tempo: A Maçonaria em Portugal de 1727 a 1802”, em Almanaque Hipólito, 01/07/2003, publicado on-line: “Em maio do mesmo ano [1802] a Grande Loja de Inglaterra (a dos “Antigos”) reconheceu a estrutura maçónica então existente em Portugal como Obediência à sua semelhança [Grand Lodge of Portugal]”, não apontando qualquer fonte para a afirmação relativa aos “Antigos”.


respeita à formação e desenvolvimento de uma Grande Loja Nacional de Portugal; por último, abriram-se novas hipóteses maçónicas”.

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Joaquim Villalta, Vª Orden, Gr.·. 9, 33º
M.·. I.·.
Director de la Academia Internacional de la Vª Orden - UMURM
Gran Orador del Sublime Consejo del Rito Moderno para el Ecuador
Miembro Honorario del Soberano Grande Capítulo de Cavaleiros Rosa-Cruz de Portugal - Gran Capítulo General del Rito Moderno y Francés de Portugal
Miembro Honorario de la R.·. L.·. Estrela do Norte nº 553 del Grande Oriente Lusitano
Gran Canciller para Europa del Gran Oriente Nacional Colombiano
Miembro Honorario del Soberano Supremo Consejo del Grado 33 para el Escocismo de la República del Ecuador
Miembro Honorario del Supremo Consiglio del 33º ed Ultimo Grado del R.S.A.A. per l’Italia e sue Dipendenze
Miembro del Suprême Conseil du 33e Degré pour la France du Rite Ancien et Accepté (Cerneau's Rite)
Pasado Presidente de la Confederación Internacional de Supremos Consejos del Grado 33º del R.·. E.·. A.·. A.·.
Muy Poderoso Soberano Gran Comendador del Supremo Consejo del Grado 33º para España del Rito Antiguo y Aceptado (Rite de Cerneau)
Gran Comendador del Soberano Gran Consejo de los Príncipes del Real Secreto de España, Rito de Perfección.

Masonólogo

Les Pratiques Rituelles du 5ème Ordre


LES PRATIQUES RITUELLES DU 5ème ORDRE

Première partie

Quels que soient vos usages respectifs, nous espérons que vous partagez le sentiment que le 5ème Ordre peut être plus qu’une académie sympathique certes, étudiant des rituels, dont la grande majorité reflète un « exotisme » souvent burlesque, mis en exergue par de nombreux historiens de la Maçonnerie.

Doit-il être au diapason des Ordres précédents ? Le pari n’est pas évident au regard des multiples pratiques existantes. Elles illustrent la difficulté de cet Ordre à représenter une unité dogmatique, qu’historiquement, disons-le, il n’a jamais possédé.

La nature ayant une sainte horreur du vide, les maçons contemporains, de toutes origines, pratiquant le Rite Français ont fait le reste, sans aucun complexe, mais avec la volonté d’établir, ce que nos fondateurs n’ont pas pu ou peut-être même, souhaité réaliser.

Ainsi, depuis la fin du XXème siècle les rituels ont proliféré avec une fébrilité traditionnelle, susceptible de rendre jaloux les codificateurs des Ordres de Sagesse, qui pourtant ne se sont pas privés de puiser dans le vivier de l’Écossisme.

A ce jour, plus d’une douzaine de juridictions ou entités autonomes pratique en France et à ma connaissance un 5ème Ordre en une ou plusieurs classes différemment appelées et développées. Ce recensement ne tiens pas compte des 6 juridictions  étrangères qui ont une pratique de cet Ordre.  

Cependant, l’ensemble de ces pratiques rituelles, ne peut revendiquer une quelconque transmission historique.

Le travail effectué de toutes parts sur cet ordre démontre au moins une chose : la nécessité que tous ont éprouvé, de parachever le cheminement du maître maçon de Rite Français. Sinon quelle serait l’utilité de cet Ordre?

Ainsi, nous avons tous fait du 5ème Ordre, un ordre à part entière, ce qui n’était pas annoncé dans les règlements d’origines.

Historiquement, dans les règlements de 1784-86, il se présentait, d’une part, comme une académie de grades au contraire de la construction des autres ordres qui procèdent plus ou moins d’une synthèse et s’inscrivent dans un processus de transmission. D’autre part, il devait jouer le rôle de chambre d’administration du GCGDF ayant le titre de bureau de la correspondance : rôle éphémère qu’il joua, avant que cet acte ne se consacre aux décisions du comité des 9 réduites à l’organisation de cet Ordre.

Les usages contemporains recensés, ne semblent pas apporter dans l’ensemble une homogénéité et une « universalité » qui puissent, non seulement être en équivalence avec d’autres pratiques, mais aussi porter la couronne du Rite Français : ce qui nécessiterait, préalablement l’acceptation de ce rôle par tous les acteurs : c’est pas gagné !...

Cette pluralité et l’absence de fonction définie minorent, à notre avis, l’impact des hauts grades du «Français».  

Il n’est pas question d’avancer la formulation qui serait la meilleure : chacune a une histoire propre et possède légitimité et origine, respectables. Toutefois, en considérant les multiples réponses, il apparait, que le 5ème Ordre ne peut être une simple distinction honorifique.

Il doit permettre un regard sur l’ensemble des sept grades du Rite Français, en valoriser les valeurs essentielles et la cohérence de la pratique. Cet ordre doit être un ordre à part entière, ou ne pas être.

D’ailleurs, sur le tard et malheureusement et sans grande suite, la question de la transmission des grades au delà du Rose-Croix fut posée sans que cela réponde à une spécificité terminale, sinon à considérer le caractère « universel » de ces transmissions.

Ainsi, en 1806, dans un de ses derniers actes,  Roettier de Montaleau proposa « un projet tendant à organiser sur les bases invariables les cinq ordres des plus hautes connaissances maçonniques comprises dans le nombre de 81 grades distribuées par séries et à établir en conséquences des chapitres supérieurs et un directoire du Rit primitif (le rite primitif de France étant le RFM) »

Continuant dans la cinquantième assemblée du SCM : « Le chapitre (Grand) professait des connaissances maçonniques jusqu’à 81 degrés distribuées par séries et enfermées dans cinq ordres et l’invitait (le GO) à organiser des chapitres supérieurs qui ne conférassent les hauts grades au dessus de ceux sous le titre de RC ».

Cette ouverture suggère que cet Ordre peut être porteur d’un contenu initiatique et philosophique à travers une écriture symbolique homogène et là, une difficulté surgit : chacun pensera que son « produit » est porteur de ces atouts.

Il a paru utile et intéressant de tenter une mission impossible : trouver un fil conducteur à partager.

Au préalable, retournons aux sources des « grades à cotés » du Rite Français.

Qu’est-ce qui les a motivé, dans quel esprit ont-ils été construits ?

Dans ce XVIIIe siècle porteur de Lumières, la Maçonnerie Française a développé une multitude de pratiques à coté des trois degrés symboliques.

On peut aussi discerner l’inspiration Anglaise originelle avec les Maîtres Ecossais, très tôt confortée sur le continent par le discours du Chevalier Ramsay.

Ils étaient supposés intervenir après les grades symboliques, très souvent sans être une suite ordonnée et sans idée de perfectionnement au début, mais curieusement de régénération d’une maçonnerie supposée viciée, ou trop proche du bruit du chantier.

Certains pensent à une mode à leur sujet, en considérant leur développement et la surenchère, sans commune mesure avec l’exigence d’exprimer un contenu.

Sentiment entretenu par les multiples écritures souvent très proches, dont ils feront l’objet : distinguées, par un lieu géographique ou le choix d’une appellation différente. Ainsi pour l’exemple, L’Ecossais des 3 J est aussi, L’Ecossais de Paris ou l’Ecossais de Clermont.

Les hauts grades ont dans leur développement participé à la « Maçonnerie de société ». Elle a montré son aptitude à créer des espaces de sociabilité en captant l’héritage des ordres initiatiques chevaleresques, et en manifestant son adhésion au mouvement des Lumières.

Cette maçonnerie s’émancipera du cadre contraignant du temple pour s’épanouir dans les appartements et les hôtels particuliers: un tapis de loge portatif, un rideau tiré et des grades conférés par communication avec des mises en scène de plus en plus élaborées: avec orchestre, décors et reconstitution historique.

N’auront-ils pas eu la secrète ambition de supplanter les grades symboliques ? L’exemple caractéristique est celui du REAA qui a été construit d’abord avec les hauts grades puis en incorporant ultérieurement les 3 grades symboliques.

Nous sommes loin de la frugale mise en œuvre de nos pratiques actuelles et même des tous premiers usages.

Siècle de folie, siècle des Lumières, des illuminés aux allumés, nous sommes dans nos pratiques les descendants de toutes ces aventures dont le temps a fixé le degré de pertinence.

Pierre Chevalier évoque sur le sujet  « le désir de certains maçons de réformer l’ordre vicié par les abus de toutes sortes. Les tenues n’étaient-elles pas accompagnées de banquets où le champagne était de rigueur, de chansons et de musique?

Nous sommes devant l’expression d’une autre maçonnerie affranchie du métier et représentative d’une classe sociale.

Ainsi, vers les années 1750, les Loges dites Ecossaises fleurissent avec des titres éblouissants accompagnants les premiers système de grades : Ecossais Fidèles de la Vieille Bru de Toulouse, Mère Loge Ecossaise de Marseille, Sublime Mère Loge du Grand Globe Français, Cour des Souverains Grands Commandeurs du Temple de Carcassonne, Conseil des Empereurs d’Occident et d’Orient et j’en passe…

Daniel Ligou, annonçait « Il est malaisé de connaître les finalités de l'Ecossisme : désir de sélection sociale, intellectuelle, spirituelle ? Recherche du « secret » qui paraît sans cesse à portée de la main et qui est toujours inaccessible ? Interférence — à peu près certaine — de l'ésotérisme traditionnel ? Désir aussi de compléter le mythe d'Hiram qui n’apportait pas de ponctuation à la disparition violente de l’architecte ? »

Le Grand Orient et avant lui la première Grande Loge dont il est issu, bien que peu favorable aux grades de l’Écossisme ce sera engagé dans cette voie presque à reculons, poussé par son ambition de régir la maçonnerie Française et sans doute pour éviter que les nombreuses loges qui pratiquaient des ensembles de grades hétéroclites ne lui échappe.

Pour conforter son autorité, devant l’incroyable disparités des usages et pour clarifier cette prolifération il s’attachera à la rédaction d’un système ne portant pas encore le titre de Rite Français.

Dès 1783, les grades symboliques furent codifiés, suivit la construction des 4 Ordres de Sagesse achevée en 1786 dans le cadre de l’éphémère GCGDF crée à cet effet, peut-on penser.

Il est important d’appréhender la notion d’ordre utilisée pas les codificateurs des hauts grades du Rite. Elle est en partie la conséquence du grand nombre des grades écossais existants et à la volonté d’apporter une simplification dans les usages. Bien qu’on ne puisse écarter dans cette construction l’idée de suprématie du codificateur, déjà évoquée, sur le monde maçonnique d’alors.

A chaque ordre correspondra un ensemble de grades qui seront plus ou moins synthétisés ou représentatifs d’une classe. Un grade de réception et d’usage, pour chacun des ordres fera l’objet d’une rédaction.

Ainsi suivant la définition historique du GCGDF, que nous rappelons :

Le Premier Ordre comprendra tous les grades intermédiaires de la Maîtrise à l’Élu. L’Elu en sera le complément. Le grade de réception dans cet Ordre est celui d’Élu Secret.

Le Deuxième Ordre comprendra tous les grades d’Écossais, tous Ecossais possibles et ce qui y est relatif. Le grade de réception dans cet Ordre est celui de Grand Élu Ecossais.

Le Troisième Ordre comprendra tous les grades de Chevalerie et ce qui y a rapport. Le grade de réception dans cet Ordre est celui de Chevalier d’Orient.

Le Quatrième Ordre comprendra le Rose Croix et ce qui est relatif. Le grade de réception dans cet Ordre est celui de Souverain Prince Rose-Croix qui en est l’aboutissement.

Ce n’est pas tant un rite qui a été « inventé » mais un référentiel le plus unitaire possible pour les loges, reprenant les grades le plus souvent retrouvés. C’est celle du premier rite officialisé (pas encore sous son nom actuel) par le Grand Orient de France dans la période de 1783-1786, publié dans le régulateur de 1801. C’est dire que l’histoire de ce rite est intiment mêlée à celle de sa juridiction tutélaire.

Il faut dépasser la seule intention de bâtir un système de référence dans lequel on classera dans quatre tiroirs des grades éparpillés.

Cela permettait aux maçons porteurs de ces différents grades de se reconnaître dans une même classe et à travers eux, les loges ou chapitres auxquels ils appartenaient.

Ainsi, la volonté du GO de l’époque était avant tout, un projet fédérateur des Francs-Maçons allant au delà de leurs pratiques respectives et sous-jacente, une volonté de s’imposer dans le monde maçonnique.

Cette dernière considération n’est pas anodine car elle facilitera la compréhension de la désuétude des hauts grades du Rite Français, quelques années plus tard, au profit du Rite Ecossais Ancien et Accepté, porteur d’une « dynamique » correspondant mieux aux attentes des Maçons de l’Empire, que l’on ne pouvait laisser échapper et se poser en rival du GO.

Puis d’accord en désaccord, au fil des ans et des bouleversements politiques, dans le partage le GO se cantonnera, in fine aux grades symboliques, malgré l’intermède du Chevalier Rose Croix, vestige de son système Français.

Il laissera au Suprême Conseil l’administration des autres grades. Cette trace historique se retrouvera jusque dans la seconde moitié du XXe siècle où on accédait au Suprême Conseil en passant directement du 3ème au 18ème grade pour la juridiction mère.

On a le sentiment que cette création n’a jamais répondu a une nécessité de pratique bien qu’étant l’objectif annoncé, mais qu’elle répondait à la volonté de proposer sinon d’imposer, un outil universel pour toute la maçonnerie.

Il faut également relever que de nombreux Chapitres continuèrent à pratiquer certains grades qui n’étaient pas dans la récente nomenclature à coté de cette nouvelle formulation. Vous l’avez deviné, le monde maçonnique est tout de simplicité

Deuxième partie

Cette volonté fédératrice se retrouve dans la définition historique du 5ème Ordre : il comprendra tous les grades physiques et métaphysiques et tous les systèmes, particulièrement ceux adoptés par les associations maçonniques en vigueur.

Cette disposition se traduira dans 9 chemises regroupant 81 grades afférents non seulement aux grades correspondants aux 4 ordres, mais incluant des grades au-delà du Rose Croix.

Cette disposition n’est pas un simple fourretout mais un classement raisonné. D’ailleurs, une 10ème chemise regroupait un certain nombre de grades en attente de classement, outre les grades du REAA non inclus dans l’Arche du Rite.

En effet, l’interrogation subsistera sur les intentions réelles des codificateurs. Pourquoi qualifier cette arche de 5ème Ordre, si son unique fonction devait être réduite à une bibliothèque ? Un élément de réponse se trouve dans sa seconde fonction comme bureau de la correspondance, souvent occulté, car d’existence éphémère et qui disparaitra lors de la fusion du GCGDF avec le GO avec l’apparition du Grand Chapitre Métropolitain.

Cet embryon de Chambre d’Administration a été reconduit par le GCG du GO en 1998 sans toutefois qu’il soit dévolu au 5ème Ordre.

Les aléas de l’histoire et le « tumulte » de la vie maçonnique ont-ils empêché que le 5ème Ordre – annoncé et ébauché dans les premiers règlements de 1784-86, puis balbutiant au temps de l’Empire – n’atteigne sa maturité et trouve une place et une fonction pérenne dans la suite des quatre Ordres de Sagesse ?

Il est également possible que la vocation du 4ème ordre à couronner la démarche « initiatique » des Ordres de Sagesse en qualité de « nec plus ultra », a participé à cet inachèvement et son volet administratif est exercé aujourd’hui par la 4ème Ordre dans plusieurs juridictions.

Le Grand Chapitre Métropolitain successeur de l’éphémère GCG de France, n’aura pas eu le temps d’éprouver son administration du fait de son intégration au sein du Grand Orient, puis de la césure révolutionnaire et enfin de l’arrivée, au 19ème siècle d’un autre rite de hauts grades issus des mêmes sources Écossaises. Cela faisait beaucoup.

Le 5ème Ordre n’a pas été envisagé, à l’origine comme portant un contenu initiatique. Bureau de la correspondance et conservatoire des grades Ecossais, tel il était défini.

Cette absence laisse le Rite Français sans un chapeau historiquement codifié et reconnu comme tel par chacune des structures qui le mettent en œuvre.

Il est établi qu’aucune codification historique d’un usage spécifique, n’a vraiment existé au regard des documents publiés et n’a pu de ce fait, être transmise à contrario des 4 Ordres jusqu’à la disparition du Grand Chapitre Métropolitain.

Il est avéré que les Ordres de Sagesse ont bien été communiqués historiquement à une juridiction Portugaise qui pratique depuis 1804 les 4 Ordres dans une forme équivalente aux textes historiques hexagonaux. Il s’agit du Grand Chapitre Lusitanien.

Cependant, pour ce qui concerne le 5ème ordre, la problématique reste, semble-t-il, entière puisque cet ordre ne pouvait à cette époque être transmis car ne possédant pas, alors, une quelconque codification rituelle.

Le seul rituel historiquement annoncé fut adopté en 1808 précisément – c’est celui du Chevalier du Soleil, 72ème et dernier grade de la 8ème série et 28ème degré du REAA. Sans autre précision sur sa mise en œuvre, sinon qu’il servit à la réception des prosélytes.

Il ne présente pas la synthèse d’un grade de la 8ème série, en cohérence, avec les quatre premiers ordres. Mais serait plutôt en cohérence avec ceux de la 9ème série.

Adopté dans la précipitation plus que par réflexion, devant la pression écossaise, son contenu est certes intéressant, mais il ne règle pas la problématique du chapeau du rite et du positionnement par rapport aux autres pratiques. Un seul des usages actuels recensés y fait référence.

Par la suite et peu de temps avant que le 5ème ordre ne rendît l’âme, le choix s’était-il porté sur celui de Chevalier Kadosch, 30ème du REAA ? Aucune trace de cet usage cependant n’apparaît à ce jour dans les archives publiées.

JM Ragon, de son coté, a publié dans un livret, (et semble-t-il rédigé) une version dite philosophique assez différente et bien tardive (1861).

Notons que ce rituel, fut mal évalué par Ragon, au point qu’il en écarta l’échelle, jugée par lui, comme donnant un spectacle dégradant.

Ce rituel porte le titre audacieux de « nouveau rituel de Kadosch grade philosophique 5ème et dernier degré du Rite Français avec en sous-titre : remplaçant le 30ème degré templier du Rite Ecossais. On connaît la suite quant au remplacement. On notera qu’il ne s’agit plus de 5ème ordre mais de 5èmedegré.

Ce sera le dernier acte de l’histoire en 1821 quand le Grand Chapitre Métropolitain demanda… la patente pour l’exercice du 30ème grade au REAA !!…

Que de mémoire perdue alors que le 5ème Ordre contenait au sein de ses 81 grades une formulation primitive du Kadosch avec le Grand Elu de Londres qui aurait pu servir d’assise à une synthèse avec d’autres écritures du grade. Mais en matière d’écriture, Roettiers de Montaleau père n’était plus là…

En 1823 le Grand Chapitre Métropolitain disparaissait en devenant de façon incompréhensible le Chapitre des Gaulles sous la forme d’un aéropage de Chevaliers Kadosch, sans grande trace de son activité et de son lustre d’origine.

Ainsi, l’histoire se termina et à l’heure actuelle aucun document n’a été exhumé des archives Russes démontrant l’usage du Kadosch et surtout l’inscription de cette pratique dans la continuité des 4 Ordres.

La question de la réactivation du 5ème Ordre s’est posé, dans les années 90. Il convient de souligner que dès 1995 une assemblée indépendante qui ne s’appelait pas encore Provence Fidélité s’appuyant sur la logique des 5 Ordres et sur les règlements de l’époque, s’était penchée sur la nécessité de cette reconstruction et sur le besoin d’une pratique rituelle.

Respecter la Tradition, c'est inventer la nôtre! C'est exactement ce qu'ont fait nos Anciens, je dois compléter que nous avons osé pour ce qui concerne le 5èmeOrdre. Mais il n’y a pas d’inquiétude à avoir : qui peut revendiquer sérieusement une transmission historique de l’une des différentes pratiques de cet Ordre?

Toutes les écritures déambulant dans les allées de la Sagesse sont de facture contemporaine. Elles s’inspirent plus ou moins de grades préexistants : que ce soit la fugace pratique du Chevalier du Soleil, seule désignée dans les minutes du 5ème Ordre.

Ou alors, l’inspiration des Sublimes Philosophes Inconnus - grade de la 9ème série - sans aucune preuve d’usage historique, pour habiller un Chevalier de la Sagesse fraîchement apparu.

Le 5ème Ordre traduit les aléas de son histoire, ainsi on le retrouve aujourd’hui segmenté en une, deux ou trois classes.

Ses rituels sont différents selon les juridictions et d’inspirations variées : ils vont du Chevalier du Soleil, en passant par le Chevalier de l’Aigle blanc et noir suivi du Chevalier de la Sagesse, ou le Chevalier de l’Etoile d’Orient, ou enfin la réception se pratique avec un rituel d'écriture contemporaine - il en existe plusieurs - tel celui employé lors de la réactivation du 5ème Ordre au Grand Orient. (Provenant du Sublime Conseil Provence Fidélité).

Les décors varient également : ils vont du signe distinctif sur le sautoir du 4ème Ordre au seul sautoir blanc en passant par le tenue complète: sautoir tablier et gants. Il en va de même des titres.

Il nous a paru intéressant et sans doute est-ce téméraire, de tenter une synthèse sur laquelle nous pourrions nous arrêter. Mais cela sans aucune illusion de faire changer les « majors » et même tous les autres.

Pour aller modestement dans ce sens, partons de ce que nous connaissons historiquement de cet Ordre.

-La couleur blanche décorant la salle de réunion.

-Rien n’indique que nous soyons dans un temple.

-Le terme d’Arche apparait désignant un coffre contenant les 9 chemises des 81 grades.

-Ce Coffre est disposé au centre du lieu de réunion.

- Etant dans une salle indifférenciée on peut supposer qu’une table est à son centre.

-La marche pour arriver à la salle est circulaire sans que pour autant on décrive une quelconque table ronde, mais rien ne s’y oppose.

-Quant à l’appellation du 5ème Ordre apparaît en 1811 le titre de Suprême Conseil. Le titre de Sublime Conseil n’apparaît pas.

-Le 5ème Ordre est subdivisé en deux classes : le conseil des 9 et la classe des prosélytes.

-Seule distinction, le bijou qui est aujourd’hui décrit sur un ruban blanc moiré simple pour la 1ère classe des prosélytes, on ajoute un liseré d’or pour les membres du conseil des 9. Les décors seront ceux de RC .

-Un « travail» est demandé, appelé proponenda, aux futurs prosélytes. Il se fera sous forme de questions et de réponses écrites du candidat.

-La première annonce tardive d’un rituel de réception et sans doute de tenue sans autre précision sur la pratique lors des réunions de travail. Il s’agit du Chevalier du soleil 28ème degré du REAA alors constitué. Ce grade qui existait depuis plus d’un demi siècle et se trouvait déjà inclus dans le rite de Perfection. Par contre les décors de ce grade ne semblent pas utilisés.

-Aucun rituel n’apparaît pour la seconde classe du Conseil des 9

-Les officiers sont les suivants : un Président généralement le TS des TTSS. Un surveillant pour les deux colonnes placées au milieu face au président. Un expert à la place de l’Orateur. Un Secrétaire et un Maître des Cérémonies. (C’est sur la base des offices du Chevalier su soleil).

-Les prosélytes n’auront pas accès aux rituels de la 9ème série.

-Un modèle de bref est proposé.

-Proposition de constituer une instance qui aux côtés du GCM conférerait et gèrerait les grades au-delà du RC.

Et cela débouche sur une décision importante : « le conseil s’arrête à la proposition de conférer ces grades en 5ème Ordre au FF qu’ils en trouveraient dignes... »

Le 5ème Ordre ne se limitera plus à recevoir les FF Chevaliers du soleil pour étudier les hauts grades, maintenant il les conférera.

Quel pourrait être le profil d’une pratique que nous pourrions aménager sur la base et l’adaptation des éléments historiques ? C’est ce que je vous proposerais prochainement

Troisième partie 

Pour ponctuer la réflexion à partir des deux textes que vous avez reçu, je vous propose en guise de conclusion différents points dont nous pouvons débattre et s’ils obtiennent votre assentiment, éventuellement adopter.

Ces propositions ont pour but de rapprocher au mieux nos usages de ceux décrits dans les minutes relatant les réunions du 5ème Ordre.

Le 5ème Ordre déjà dédoublé en 2 classes prend la dénomination d’Arches et non plus de grades.

Le 5ème Ordre ne rajoute pas de degré au Rite Français qui reste historiquement fixé à 7 degrés, auxquels s’ajoutent les deux Arches du 5ème Ordre.

Identification de 9 officiers généraux représentant le Conseil des 9 inclus dans la seconde Arche.

Le lieu de réunion est une salle sans dénomination, tendue de blanc, sans orientation.

Une table siégeant au milieu supporte un coffre représentant l’Arche du Rite. Cette Arche est censée contenir les manuscrits des 81 grades.

Un travail sera demandé pour la seule admission à la première Arche.

Le 5ème Ordre ne s’inscrivant pas dans la continuité des 4 Ordres propres au Chapitre, il aura vocation à réunir des membres issus de chapitres différents, voire de rites différents à la condition qu’ils soient en correspondance de grade. On peut envisager pour ces membres un statut de membre associé.

La dénomination de Suprême Conseil, la seule à être identifiée dans les minutes du 5ème Ordre pour désigner cette assemblée. Nulle part n’apparaît celle de Sublime Conseil. Toutefois, il faut considérer la connotation Ecossaise de cette appellation qui n’était pas aussi forte à cette époque.

Historiquement, aucune pratique n’apparaît hormis celle du Chevalier du soleil. Une patente avait été demandé du Suprême conseil pour le Kadosch en 1821. Ainsi, ce grade est confirmé dans la pratique actuelle aux côtés de la partie historique de Provence Fidélité constituant les 12 clefs de la première Arche, avec le titre de Chevalier de l’Aigle blanc et noir. Pour la seconde Arche, aucune pratique rituelle n’apparaît et d’ailleurs elle ne semblait pas en avoir. Force est d’écrire un pratique


Le 5ème Ordre laisse un goût d’inachevé et pour son malheur, la porte était grande ouverte à tous pour mettre en scène cet Ordre en suivant plus ou moins les données historiques.

Il serait injuste de porter la seule cause de cette évolution sur les années de trouble révolutionnaire et d’interruption de l’activité maçonnique. La transformation du GCG de France en Chapitre Métropolitain avec son intégration au GO donc sa perte de souveraineté ont joué un rôle non négligeable et cela était prévisible.

Les hauts grades n’ont à mon sens, jamais été une finalité ou n’ont jamais représenté un intérêt majeur pour cette juridiction qui ne recherchait qu’à établir son hégémonie sur le monde maçonnique de l’époque, fut-ce en contrôlant le mouvement Ecossais et en sacrifiant ce qu’elle fit, le rite auquel elle faisait et fait encore référence. Les efforts entrepris vers 1806 sont arrivés trop tard pour redresser la barre.

Le Rite Français est bel et bien et il restera un rite historiquement inachevé.

Avec le Chevalier de la Sagesse, nous avons entamé le développement d’une réflexion afin d’augmenter la consistance et le liant du corpus symbolique des Ordres précédents. Il est heureux que notre Rite se soit retrouvé couronné par la Sagesse à la préférence de la perfection qui reste l’outil de la première.


Jean-Pierre Duhal, 5ème Ordre, Chevallier de la Sagesse, Grade 9 et dernier du Rite Français des Modernes, Souverain Grand Inspecteur Général, 33º du Rite Écossais Ancien et Accepté. Fondateur du Sublime Conseil “Provence et Fidélité”, Membre Fondateur du Ve Ordre et, Passé Très Sage et Parfait grand Vénérable de la Chambre d’Administration du Grand Chapitre Général du Grand Orient de France. Membre de l’Académie Internationale du Ve Ordre de l’Union Maçonnique Universelle du Rite Moderne.